SISTEMA FORMAL DO TIPOMORFOLÓGICO MODERNO E AS ATUAIS DEMANDAS AMBIENTAIS:
relação entre o edifício e o espaço aberto no projeto para o habitar moderno em Chimbote e Brasília
Palavras-chave:
Espaços abertos e edifícios, quarteirão urbano, habitar moderno, cidade e naturezaResumo
As experiências que relacionam a cidade e a natureza são recorrentes na história da arquitetura. O projeto do edifício pensado de modo sincrônico com os espaços abertos, a compreensão da importância do sol e do verde nas cidades, ganha expressão no projeto moderno de cidades. Sem noção ainda dos atuais avanços teóricos sobre a visão sistêmica das questões ambientais relacionadas aos edifícios e entorno, porém, com rigor na articulação dos espaços abertos e edificados, reforçando a ideia de que os espaços abertos poderiam ser mediadores entre a natureza e a cidade. Diante deste contexto o texto discute sobre a pertinência das estratégias formais para a articulação entre espaços abertos e edifícios, em dois projetos para o habitar moderno, sob a perspectiva das atuais demandas ambientais relacionadas a saúde humana e dos ecossistemas. Os procedimentos de pesquisa, iniciam com um breve recorrido histórico sobre os discursos dos CIAMs que versavam a respeito das condições de habitabilidade, acesso ao sol e a vegetação. Para em seguida analisar as relações formais entre espaços abertos e edifícios de dois projetos para o habitar moderno. Em Brasília o habitar moderno ocorre em uma quadra permeável, aberta, os edifícios estão articulados com os espaços abertos coletivos. Em Chimbote o habitar permeia espaços abertos de caráter coletivo, mas também privados, a partir da concepção modular de pátios. A geometria volumétrica dos edifícios e os hiatos entre estes, possibilita transição entre o construído e o natural, os espaços abertos são determinantes para o acesso aos raios solares, a continuidade das áreas verdes, a permeabilidade do ar e do solo. Dessa maneira, espera-se que este artigo contribua com o debate sobre a pertinência da articulação ordenada entre os edifícios e espaços abertos modernos, que transita entre o universal e o individual, celebrando o papel do vazio urbano moderno como medida para oportunizar a resiliência urbana para algumas demandas ambientais.
Downloads
Referências
BARRIOS, C. “Can Patios Make Cities? Urban Traces of TPA in Brazil and Venezuela”. ZARCH: Journal of Interdisciplinary Studies in Architecture and Urbanism. Zaragoza: No. 1, 2013, 70–81. http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4953898.
BENDER, H. Interpretações sobre o espaço aberto na cidade da arquitetura moderna: José Luis Sert, Antonio Bonet Castellana e os planos para Chimbote (1948) e Barrio Sur (1956). In: SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO, 14., 2016, São Carlos, SP. Anais do XIV Seminário de História da Cidade e do Urbanismo. São Carlos, 2016.
BOTTURA, Roberto. Josep Lluís Sert, arquiteto vinculado às artes. Seu raciocínio integrador através de oito textos e uma entrevista. Resenhas Online, São Paulo, ano 10, n. 115.03, Vitruvius, jul. 2011
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/10.115/3966>.
BRINO, A. C. Superquadra Residencial e Arquitetura Moderna Brasileira. 2005. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2005.
CABRAL, C. P. C. História de um lugar moderno: Clorindo Testa e o centro cívico de Santa Rosa, La Pampa. Pós, Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP , v. 20, n. 34, p. 110-125, 2013.
COMAS, Carlos Eduardo Dias. Cidade funcional, cidade figurativa: dois paradigmas em confronto, in Oculum – Revista Universitária de Arquitetura, Urbanismo e Cultura, vol. 4, p. 68, 1993.
CASTEX, J.; PANERAI, P.; DEPAULE, J-C. Formes urbaines: de l’îlot à la barre. Paris: Editora, 1977.
CÉREVOLO, A. L. Interpretações do Patrimônio: arquitetura e urbanismo moderno na constituição de uma cultura de intervenção no Brasil, anos 1930-60. 2010. 306 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo (USP), 2010.
COMAS, E. D. O espaço da arbitrariedade: considerações sobre o conjunto habitacional BNH e o projeto da cidade brasileira. Revista do Serviço Público, v. 40, n. 1, p. 21-28, 1983.
DUARTE, D. H. S. Variáveis urbanísticas e microclimas urbanos: modelo empírico e proposta de um indicador. Forum Patrimônio: amb. constr. e patr. sust., Belo Horizonte, v. 3, n. 2, jul./dez. 2010.
EMMANUEL, M. R. An Urban Approach to Climate-Sensitive Design. Strategies for the tropics.
New York: Spon Press, 2005.
ESKINAZI, M. O. A cidade do Amanhã: arquitetura moderna e habitação em Hans Scharoun e grupo Opbouw. Orientação Luciana da Silva Andrade. Tese de doutorado PROURB. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: UFRJ/FAU, 2013.
FARR, D. Urbanismo Sustentável: desenho urbano com a natureza. Porto Alegre: Bookman, 2013.
GOMES, M.A.A.d.F.; ESPINOZA, J.C.H. Diálogos modernistas com a paisagem: Sert e o Town Planning Associates na América do Sul, 1943-1951., in Urbanismo na américa do sul: circulação de ideias e constituição do campo, ed. M.A.A.d.F. Gomes.Salvador: EDUFBA, 2009.
HALL, P. Cidades do amanhã: uma história intellectual do planejamento e do projeto urbano no século xx. São Paulo: Perspectiva, 2005.
HAYUB SONG (2010) Jose Luis Sert's Naturalization of Architecture in the City, Journal of Asian Architecture and Building Engineering, 9:2, 275-282, DOI: 10.3130/jaabe.9.275
HOLANDA, F. Brasília: cidade moderna, cidade eterna. Brasília, FAU/UNB, 2010.
LAMAS, J. M. R. G. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa, 1993.
LYLE, J. T. Regenerative Design for Sustainable Development. Nova York: Jhon Wiley & Sons, 1994.
MAHFUZ, E. C. Ensaio sobre a razão compositiva: uma investigação sobre a natureza das relações entre as partes e o todo da composição arquitetônica. Belo Horizonte: Ap. Cultural, 1995.
MAHFUZ, E. C. Reflexões sobre a construção da forma pertinente. In: LARA, Fernando; MARQUES, Sonia (org.). Projetar. Desafios e conquistas da pesquisa e do ensino de projeto. Rio de Janeiro: Editora Virtual Científica, 2003.
MUMFORD, Lewis. La ciudad en la historia. 1. ed. Buenos Aires: Infinito, 1979. 2 v.
NEUTRA, R. Realismo biológico. Um Nuevo Renacimiento humanístico em arquitectura. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión, 1958.
OKE, T. R. Boundary Layer Climates. London: Methuen, 1978.
PIÑON, H. Arquitectura de la ciudad moderna. Barcelona: UPC, 2010.
USÓN, E. La sensibilidad ambiental del movimiento moderno. Teoría, 2007 p. 19-27
SOLÁ-MORALES. I. Estratos e Superposiciones. Intervención en la área de la muralla romana de Barcelona, entre los Palacios Gualbes y el Correu Vell. ARQUIS 4. Centro de investigaciones em arquitectura/Universidad de Palermo/ Editorial CP67. Buenos Aires, pp. 30-35, diciembre, 1994.
VON MEISS, P. Elements of architecture: from form to place. Oxford, UK: EPFL Press, 2013.
GOMES, M. A. A. F. e ESPINOZA, J.C.H. Diálogos modernistas com a paisagem: Sert e o Town Planning Associates na América do Sul, 1943-1951. In: Urbanismo na América do Sul: circulação de ideias e constituição do campo, 1920-1960 [online]. Salvador: EDUFBA, 2009. 298 p. ISBN 978-85- 232-0612-3.