MODERNIDADE SAGRADA:
Lucio Costa, Carlos Drummond de Andrade e a Igreja
Palavras-chave:
Lucio Costa, Carlos Drummond de Andrade, Igreja, moralidade, SPHANResumo
Chefiado por Gustavo Capanema, o Ministério da Educação e Saúde Pública foi o órgão responsável por imprimir um programa cultural de âmbito nacional que atendesse aos interesses do Estado. O quadro de colaboradores ministeriais resultou de acordos institucionais que reunia grupos ideologicamente conflitantes: Igreja e vanguardas. Afim de garantir estabilidade e êxito frente aos objetivos da pasta, tais grupos precisaram se conciliar e encontraram no campo estético um meio para tal arranjo, sobretudo na literatura e arquitetura modernas. Esse texto aborda o entremeio desse pacto a partir de protagonistas como Lucio Costa e Carlos Drummond de Andrade, bem como se aprofunda nos reflexos desse panorama na política patrimonial nacional e nas crises na arquitetura quando modernidade e religião dividiram o mesmo espaço ao longo do governo getulista.
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