Localismo Crítico e Cosmopolitismo Arquitetônico
Mário de Andrade e a Informação Moderna de Arquitetura (1925-1929)
Resumo
O trabalho propõe selecionar e estabelecer alguns dos temas estruturantes na reflexão de Mário de Andrade sobre o modernismo arquitetônico no Brasil em seus momentos de combate. Suas dúvidas com relação ao internacionalismo da nova arquitetura européia – a ele apresentados em primeira mão em periódicos franceses e alemães, bem como pelos livros de Le Corbusier (1923), Platz (1927) e Lurçat (1929) – são simultaneamente remetidas às apostas estéticas do Movimento Moderno, ao debate da arte nacional e da cultura brasileira nos anos 20. Mapear referências possíveis para a formulação de um ponto de vista absolutamente singular no país, já não mais tradicionalista nem desbragadamente modernista, talvez ajude a compreender historicamente muito das alternativas técnicas, espaciais, formais ou ideológicas dos arquitetos brasileiros nas décadas seguintes. Pois é o próprio conceito de atualidade histórico-universal por ele visado que ora se põe como crivo crítico de ambas as versões regionalista e internacionalista de nossa consagrada arquitetura. Duas temporalidades, portanto, aqui se cruzam: a que fixa os marcos de interpretação autorizados da produção arquitetônica brasileira a partir da década de 1930 e a que se reencontra anteriormente na leitura dos textos de um homem formado no embate com os caminhos e entraves de seu tempo. “a crônica seria o sueto, a válvula verdadeira por onde eu me desfatigava de mim” (Mário de Andrade)